Estive indo cada vez mais fundo em uma realidade utopicamente perfeita ao
seu lado.
Na trêmula luz do luar que entrava pelas frestas da porta a nossa
direita, cada sussurro, respiração e pulso.
Fechei os olhos e deixei que minhas vontades falassem mais alto do que
minha timidez; olhei em seus olhos e desenhei em minha mente os seus lábios,
senti em minha nuca sua respiração e ponderei em meu tórax o seu peso.
Então abri os olhos e tudo que pude encontrar foi o que de nós se esvaía,
o tempo, o medo, o frio.
Pus a mão em seu tórax e senti o quão perfeito poderia ser; implorei uma
vez mais, insisti uma vez mais; “Deixe-me admira-lo”. Emudecido e positivo, eu
o vi; tão quieto e silencioso, tão forte e natural, que cheguei a me ver com
lágrimas nos olhos.
Já faz tanto tempo e agora tão pouco, a nossa realidade me assusta! Agora
que já é tempo de voltar ao meu mundo de normalidade e ao meu redor tudo que
vejo está sem cor ou cheiro, o seu é o único que me enche a mente.
Minha obra de arte, eu o fiz e o quero por perto!
Queria poder descrever-te de forma parnasiana, mas minha pobre mente não
é capaz de produzir rimas ricas e verso que possam ser considerados arte.